Mergulho no céu imaculadamente azul deste último dia de verão e brindo com duas receitas que guardam o tempo quente…

Receita para fazer o azul

Se quiseres fazer azul, pega num pedaço de céu e mete-o numa panela grande, que possas levar ao lume do horizonte; depois mexe o azul com um resto de vermelho da madrugada, até que ele se desfaça; despeja tudo num bacio bem limpo, para que nada reste das impurezas da tarde. Por fim, peneira um resto de ouro da areia do meio-dia, até que a cor pegue ao fundo de metal. Se quiseres, para que as cores se não desprendam com o tempo, deita no líquido um caroço de pêssego queimado. Vê-lo-ás desfazer-se, sem deixar sinais de que alguma vez ali o puseste; e nem o negro da cinza deixará um resto de ocre na superfície dourada. Podes, então, levantar a cor até à altura dos olhos, e compará-la com o azul autêntico. Ambas a s cores te parecerão semelhantes, sem que possas distinguir entre uma e outra. Assim o fiz – eu, Abraão ben Judá Ibn Haim, iluminador de Loulé – e deixei a receita a quem quiser,

algum dia, imitar o céu.

Nuno Júdice

(Obrigada, Ana Passos, pela partilha deste poema.)

Para 4 pessoas:

1 vagem de baunilha 200 ml de leite gordo 3 folhas de gelatina (6 g) 2 gemas 50 g de açúcar em pó

220 g de nata com um 35% de matéria gorda

Abrir a vagem de baunilha longitudinalmente, raspando bem todas as sementes. Levar a ebulição o leite com as sementes e a vagem de baunilha e deixar repousar por algumas horas. Coar o leite para retirar a vagem. Lavar as folhas de gelatina , hidratar em água fria e escorrer bem. Misturar as gemas com o açúcar e uma pequena parte do leite (apenas para dissolver). Levar o leite com a baunilha a ebulição. Retirar o leite do lume e verter sobre as gemas com o açúcar, mexendo. Levar novamente ao lume, mexendo constantemente até que o creme cubra as costas de uma colher (para que não se corte, o creme nunca poderá ultrapassar os 85ºC). Retirar o creme do lume e dissolver a gelatina, mexendo bem. Verter o creme num recipiente dentro de um banho-maria com gelo (para que arrefeça rapidamente) mexendo até que comece a ficar mais espesso (20ºC). Entretanto, bater a nata até que esteja espessa mas não em chantilly. Incorporar a nata ao creme com movimentos suaves.

Repartir o creme por 4 copinhos e refrigerar até que esteja firme.

Doce de tomate:

500 g de tomates vermelhos maduros
100 g de açúcar

Retirar a pele e as sementes aos tomate e triturar a polpa. Misturar o tomate com o açúcar. Levar a lume brando até cozer e obter a textura desejada.

Retirar do lume e deixar arrefecer.

Montagem:

Cobrir cada copo de bavaroise com uma camada de doce de tomate e algumas amoras silvestres.
Decorar com chocolate branco.

fonte: Paco Torreblanca